segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Excelente partilha de experiências pedagógicas!!

E Madrid aqui tão perto... e colegas educadoras com tantos pontos em comum com nosotros.
O II Forúm Iberoamericano que decorreu em Madrid sobre Literacia e Aprendizagem foi um bom exemplo do excelente trabalho que se faz em educação de infância e no 1º ciclo do ensino básico.
Ouvi experiências de intercâmbio entre níveis de ensino o que só veio confirmar a minha perspectiva de que a trabalhar em conjunto, pré-escolar e 1º ciclo, só têm a lucrar com práticas pedagógicas que promovem o sucesso escolar junto dos seus alunos.

Gostava que em Portugal se desse a conhecer com mais frequência as diferentes experiências educativas que se efectuam nestes dois níveis de ensino, de modo a resgatar práticas e a reconhecer o esforço realizado pelos diferentes docentes.
A importância das interacções sociais ou as diferentes comunidades leitoras a que as crianças pertencem, foram apenas alguns dos temas abordados relacionados com o processo de construção do conhecimento no domínio da literacia.
A construção activa do conhecimento, as diferentes oportunidades educativas e a intencionalidade educativa foram apontados como factores primordiais para práticas que promovem o sucesso no presente e no futuro a todas as crianças que nelas participam.
Parabéns à organização e a todos os intervenientes.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Um encontro a não perder

Como sugestão de um passeio a Madrid nos dias 12, 13 e 14 de Novembro, as III Jornadas Iberoamericanas sobre Prácticas de Lectura y Escritura y II Foro Iberoamericano sobre Literacidad y Aprendizaje
“Escribir y leer hoy en la escuela, la biblioteca y otros contextos sociales: prácticas e investigación” parecem ser um bom pretexto. aqui
Eu vou lá estar para apresentar a comunicação com o tema: PROCESSOS DE NEGOCIAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA: O CONTRIBUTO DA TEXTUALIDADE.
Boa viagem

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Uma grande investigadora da educação

Um pequeno vídeo sobre Ana Teberosky e o processo de leitura.

sábado, 29 de maio de 2010

A educação pela arte numa escola portuguesa

Este comentário não tem directamente que ver com a leitura, a escrita ou a literacia, contudo sinto necessidade de partilhar um episódio a que assisti numa escola portuguesa.
Como todos sabemos as crianças que frequentam o 1º ciclo do ensino básico em Portugal devem ter acesso a actividades de enriquecimento curricular,mais precisamente, música, actividade física e inglês, e os professores das AEC deverão ser remunerados como qualquer outro docente.
Numa sessão de apresentação do trabalho de um ano lectivo de professores de música de um agrupamento de escolas em Portugal, apercebo-me da grandeza do trabalho de se ser docente no nosso país. Os docentes de música em parceria com associações, câmara e a junta da freguesia, conseguiram desenvolver um trabalho baseado na educação pela arte com todas as crianças que pertencem às escolas do respectivo agrupamento.
O espectáculo poderia ter sido maravilhoso não fosse aqueles professores que estavam a dar o seu trabalho voluntariamente, não receberem ordenado há já três meses. É verdade, é deveras triste perceber como a imagem do docente está denegrida em frente a toda a opinião pública e depois confirmarmos como essa imagem é tão distorcida do que realmente se passa nas nossas escolas.
O amor à camisola não serve para pagar contas, mas apesar disso todos os professores que estavam no dito espectáculo deram tudo aos seus alunos e os resultados foram fantásticos.
Só é pena que o Ministério da Educação tenha conseguido colocar a profissão docente em tão mau estado mas não saiba cumprir os seus deveres para com todos os docentes.
Quero apenas deixar um bem-haja a todos os docentes que trabalham em Portugal para não desanimarem porque o trabalho que fazem todos os dias vai ter repercussões nos alunos que educam.

Um pedido de desculpas

É urgente pedir desculpas aos meus leitores pela desactualização do blogue, mas como qualquer docente tem conhecimento, o final do ano lectivo é muito stressante e obriga-nos a abdicar de algumas actividades para nos dedicarmos exclusivamente às avaliações dos nossos alunos.
Para além dos alunos existem outros compromissos que me obrigam a fazer estas pausas prolongadas na actualização do blogue, pelo que me resta apenas solicitar a vossa compreensão e paciência.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

domingo, 18 de abril de 2010

A Textualidade, a interpretação e a compreensão leitora

Parte II
Scholes sublinha no livro Protocolos de Leitura:
“A leitura é de facto aprendida e ensinada, o que pode fazer-se bem ou mal; mas contém em si uma dose demasiado elevada de arte e de habilidade para que seja possível submetê-la por completo - ou mesmo só uma grande parte – à metodização.” (1991:18)
O método não deve ser colocado acima de toda a experiência e conhecimento que a criança transporta consigo.
Vygotsky (1977: 39 in Martins e Mendes, 1987: 499) citado pelos autores Margarida Alves Martins e António Quintas Mendes num artigo sobre a “Evolução das conceptualizações infantis sobre a escrita” sublinha a importância de se considerar a “pré-história” da aprendizagem que todas as crianças possuem. Esta aprendizagem não se resume à imitação de modelos dos adultos ou de pares, mas tem uma evolução criativa e única de cada sujeito.
As experiências e práticas familiares, na escola e no jardim-de-infância, a sabedoria que a criança transporta consigo são determinantes para iniciar qualquer trabalho ou aprendizagem em todas as áreas de conteúdo e, especificamente, na área da leitura e da escrita.
Segundo Inês Sim-Sim (2004b: 17) i), a importância da leitura não se resume apenas à sua descodificação: “Ler é hoje fundamentalmente aceder ao conhecimento através da reconstrução da informação contida no texto, o que implica uma íntima e permanente interacção entre o leitor e o texto”.
A criança como ser social, aprende e desenvolve a linguagem na interacção com os outros o que lhe permite passar da língua à palavra, da oralidade ao reconhecimento escrito.
Precocemente, as crianças têm um interesse pela escrita e pela leitura. Estas competências são intrínsecas ao desenvolvimento, sendo através das interacções que mantêm com os outros e com o meio que se desenvolvem e aperfeiçoam.
Numa perspectiva emergente, o sujeito constrói de forma activa a sua própria compreensão de como a linguagem oral se relaciona com a linguagem escrita.
O que faz mover cada sujeito neste processo emergente das competências linguísticas e literácitas é a procura pelos significados destas aprendizagens, dando início à compreensão da inter-relação que existe entre oralidade, escrita e leitura.
Parece-nos pertinente que a criança “leia” antes de o saber fazer formalmente, que interprete antes de saber ler ou escrever, que o educador/ professor se desprenda das amarras do programa e leia aos seus alunos com prazer e abertura em ouvir todos os intervenientes e as suas diferentes contribuições textuais que um determinado texto ou objecto lhes gera.
A relação entre textualidade, interpretação, compreensão leitora e educação surge, na medida em que o sujeito ao interpretar um texto está a procurar sentido para o que lê, vê ou ouve, de acordo com os conhecimentos que já possui e criando outros com base na interacção que mantém com o texto ou objecto. Desconstrói o texto em busca de sentido.
Existe uma interpelação recíproca entre o leitor interpretante e o texto que fomenta o desenvolvimento de leitores e sujeitos activos, críticos e socialmente participativos. É neste ponto que a educação, a escola e os docentes têm o seu papel principal, como promotores de projectos de leitura e intermediários entre a literacia escolar e a literacia familiar.
É também aqui que surge o cruzamento entre a busca de sentido, a interpretação e a compreensão leitora desde as mais tenras idades. A criança ao ler um texto, interpreta-o procurando um sentido que vá de encontro aos seus significados e deste modo aprende a compreender o texto. Questiona, procura respostas e compreende o conteúdo fazendo relações entre os seus significados e conhecimentos, anteriores à leitura do texto, com os que está a apreender aquando da sua interpretação e compreensão.

i) SIM-SIM, Inês (2004b). “(I)Literacia, (Des)Conhecimento e Poder”, in Intercompreensão, 11, Lisboa: Edições Colibri/ Escola Superior de Educação de Santarém, pp.11-19.