segunda-feira, 1 de março de 2010

Textualidade

Por textualidade entende-se a disciplina que tem na sua essência potenciar a acção do indivíduo perante um texto, na medida em que o interpreta, questiona e compreende. A interpretação de um texto é entendida como um processo dinâmico, que abrange todas as interpretações textuais, quer seja objectos ou textos escritos, sonoros ou visuais.
A textualidade como disciplina está intimamente conectada com a interpretação dos textos, com a procura de sentido e o cruzamento de significados entre o autor do texto, o texto e o leitor.
É numa dinâmica de círculo hermenêutico, pergunta-resposta-pergunta, e numa relação triádica entre autor-texto-leitor que considero ser possível potenciar crianças autónomas, críticas e criativas com competências e capacidades para interpretar e compreender o que lêem.
Um texto parte sempre de um determinado significado, que por sua vez, convoca significados na recepção, no sujeito, no intérprete, que tem uma rede organizada no sentido de cruzar os significados da recepção com os da produção, tornando possível a interpretação do texto.
A leitura é necessariamente criativa e não é susceptível de ser lida como uma actividade de mimetização, uma vez que age sobre o texto. Em momentos e contextos diferentes, o sujeito que age sobre o objecto ou texto, fá-lo de forma diferente regenerando a interpretação que tem do texto, como refere Ceia: “A significação de um texto nunca está acabada.” (1995: 47)
Surge então a dialéctica da literatura, como refere Carlos Ceia (In http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/D/dialectica_da_literatura.htm) , numa perspectiva hermenêutica. Ou seja, a desconstrução, as inferências e cruzamentos de significados que o leitor efectua sobre, para e com o texto, produzindo interpretações, dialogando com o texto. A possibilidade de realizar diferentes interpretações de um texto em diferentes momentos da vida do interpretante promove o conflito, que segundo Ricouer, sublinhado por Carlos Ceia, “(…) só o conflito das interpretações nos pode dar alguma coisa do ser interpretado” (Ibid).
Gostaríamos de sublinhar a relevância da actuação dialéctica com quatro princípios nomeados por Ricoeur (In http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/D/dialectica_da_literatura.htm), nomeadamente: “Como funciona o texto? ; Do que é que fala o texto? ; O que é que o texto me diz que seja comum à experiência de leitura dos outros?; Como é que o meu mundo mudou em função da leitura do texto?”.

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